Vocês devem lembrar que em 2003 minha doce Meg promoveu um concurso de literatura no Subrosa. O conto a seguir foi um dos participantes.

Contos Breves
CACHORRO? S� SE FOR OS DOIS...

Ele podia ter me dito que iria embora antes, assim eu poderia ter me preparado psicologicamente e não ter feito aquele escarc�u em forma de l�grimas e palavras desconexas. O cachorro me olhou como se eu fosse uma desvairada e sumiu de vista. o gato foi com ele, nőo o cachorro, mas ele.
A casa ficou vazia sem o gato, sem as brigas dele com o cachorro, sem a disputa acirrada por carinho. Eu fiquei meio sem saber o que fazer s� com o cachorro, afinal eles, o gato e o cachorro eram uma dupla, eu e ele �ramos um par, e n�s quatro juntos �ramos uma fam�lia. Constatei, infeliz, que junto com o gato, ele levara todos os cd's que havia me dado, inclusive o da Filarmônica de Berlim; deixou um bilhete explicando: "Desculpe-me meu bem, mas o gato não vive sem o som da orquestra. Tudo pelo bem do gato." O que eu faria sem ele, sem o gato e sem a droga do cd da Filarmônica de Berlim?
O cachorro tentando me consolar saiu do seu esconderijo; ele tinha aquele riso mordaz no focinho, seus latidos se traduziam em um: "pelo menos o gato foi embora". Tive vontade de matar o cachorro, os dois e de quebra ainda estrangular o gato. Afinal de contas, est� na moda matar a fam�lia.
A faxineira no dia seguinte, perguntou:
"U� cadê a caixa de areia do gato, ali�s cadê o gato?"
"Foi embora, junto com o dono dele"
"Ah, mas eu vou sentir saudades do gato, tão fofinho, melhor que esse cachorro desastrado."
Isso, foi a gota d'�gua. S� eu podia xingar o cachorro, os dois. Mandei a faxineira para o endere�o que ele tinha deixado e passar bem. Agora �ramos s� eu e o cachorro, e a casa vazia s� para n�s e a nossa dor. Se bem que ainda desconfio que o cachorro anda bem feliz, os dois, um sem o gato, o outro com.
E eu ando pela casa vazia, infeliz, sem os dois...

Autora: Sam pseudônimo de Verônica..
Foi finalista e semifinalista do CNBHM. Muito votada pelo j�ri.